Objetos sagrados

"Descreva um momento em que você sentiu que estava segurando um objeto abençoado ou sagrado, seja ele seu ou de outra pessoa. Considere por que você sentiu que ele era tão importante. O que a experiência de manusear esse objeto fez você sentir?"

Essa proposta de escrita veio do livro Rebel Witch, de Kelly-Ann Maddox. Quando li essa pergunta, não pude evitar me teletransportar para minha infância. Crescendo em um lar católico, eu aprendi desde cedo que certos objetos devem ser manuseados com cuidado e reverência.

Minha mãe é devota à Nossa Senhora de Schoenstatt, devoção essa que foi passada pela minha avó. Elas faziam parte de um grupo que mantinha essa adoração viva, circulando um oratório de Nossa Senhora de Schoenstatt de casa em casa. Caso você não saiba, um oratório é um pequeno altar portátil com portinhas que podem ser abertas, revelando a imagem de uma santa.

Uma vez, minha mãe pediu que eu carregasse esse oratório para o altar no cantinho da cozinha. E lá estava eu, carregando-o com todo o cuidado, como se eu estivesse carregando a própria Nossa Senhora em minhas mãos. Ao longo dos dias que ela passava em nosso lar, nós puxávamos cadeiras em frente ao altar e rezávamos o terço. Esse objeto era sagrado, pois assim fui ensinada.

Para a decepção da minha mãe, hoje em dia, eu não me considero católica. Contudo, se eu tivesse que carregar o oratório de Nossa Senhora de Schoenstatt, eu ainda o faria com todo o cuidado e respeito.

Uma situação diferente, ainda na minha infância, foi quando estávamos passando o verão em Santa Catarina. Um dia, pegamos o carro e fomos até a praia da Guarda do Embaú. Barzinhos de açaí aqui, lojinhas de roupas e acessórios ali - o centrinho dessa praia era um charme.

Caminhando com toda a calma que a praia tem a oferecer, nós avistamos a loja Antiquário, que vendia artigos de decoração que eu jamais havia visto. Eu me senti leve naquela loja. O chão de tabuão coberto por areia, sinos de conchas que produziam um som suave com o soprar do vento. Essa loja tinha uma ~vibe~ diferente, algo de mágico. De pequena, eu já sentia a energia daquele lugar.

De todos os artigos interessantes, o que me hipnotizou foi uns cristais dos signos astrológicos. De Áries a Peixes, cada signo possuía seu próprio cristal repousando dentro de um bauzinho de madeira. Aquário… Aquário… Ah! Aqui está! Eu abro o bauzinho e encontro duas pedrinhas: uma azul escuro (talvez Ágata Azul) e uma Ametista. Eu não conseguia tirar os meus olhos daquelas duas. Eu não entendia aquele sentimento. Eu não entendia a minha fixação. A única coisa que fazia sentido era que aquelas pedras eram especiais. Especiais de uma forma especial - se você entende o que estou querendo dizer.

Ninguém havia me ensinado que aquilo era especial ou sagrado. Algo dentro de mim, talvez algo mais antigo, já carregava esse conceito.

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