Sempre fui uma criança muito inventiva. Lembro de ter vários caderninhos, e eu os carregava para cima e para baixo, desenhando e anotando qualquer ideia que acendesse na minha cabeça; documentando meus dias, minhas paixõezinhas e minhas implicâncias com meu irmão mais velho. Há alguns anos atrás encontrei um desses cadernos em alguma gaveta na casa da minha mãe, e fiquei chocada com as descrições detalhadas e riquíssimas em sentimentos que a Amandinha criança era capaz de criar naturalmente.
Durante minha adolescência, eu passava noites e madrugadas ouvindo música, tocando violão e cantando (mal kk), e isso fazia aflorar muito sentimento dentro de mim a ponto de não existir mais espaço. Eu escrevia canções e poemas e os guardava em algum caderno só para mim, pois minha insegurança ainda falava mais alto.
Anos se passaram, e eu ainda escondia essa criatividade no fundo da gaveta, até que, em 2016, duas escritoras me inspiraram: Caitlin Moran (Como Ser Mulher) e Jout Jout (Tá Todo Mundo Mal). O conteúdo desses dois livros é muito bacana, mas o que me puxou para dentro das páginas foi a forma divertida e casual na qual as autoras se expressam. Elas deixaram na minha boca um gostinho de quero mais.
Esse sabor que eu estava sentido era algo novo, doce, apimentado e divertido que excitava o meu peito. Pela primeira vez eu estava experimentando a adrenalina de transformar essa onda de sentimento e criatividade em algo tão divertido e tão casual quanto os textos de Caitlin Moran e Jout Jout. E não queria apenas consumir esse tipo de conteúdo, mas criá-lo. Eu queria que mulheres lessem e se identificassem com meus relatos da mesma forma que me identifiquei enquanto devorava Como Ser Mulher e Tá Todo Mundo Mal. Eis que crio meu primeiro blog. Simples assim.
Eu não sabia como essa tal de blogosfera funcionava, tampouco conhecia o termo blogosfera. Criei meu primeiro blog na plataforma Blogger, e lá compartilhei minhas primeiras crônicas, trazendo situações bem íntimas do meu mundo, do meu mundo feminino, do meu mundo feminino em uma sociedade patriarcal. Eu consegui dar corpo a essas crônicas de forma leve e cômica - foi basicamente um rir para não chorar. Relato De Uma Calcinha Fio Dental e Meu Primeiro Sutiã foram minhas primeiras crônicas, e, para minha surpresa, minhas amigas amaram, algumas mulheres compartilharam, e os comentários que recebi carregavam muito carinho e apreciação. Eu obviamente não tinha a fama das autoras que me inspiravam, mas eu me sentia recheada e coberta de realização e de motivação para escrever cada vez mais.
Os meses foram se passando, e como uma criança à beira da piscina em pleno Verão, eu mergulhei com tudo nessa blogosfera, abraçando escrita e fotografia como os hobbies mais fantásticos que eu poderia ter, pois eram gratuitos e zero-limites no que diz respeito às ferramentas de criação.
Eu me permiti experimentar, e meu primeiro blog, cujo nome era Amanda Moresco (super original aham), foi um espelho de todas essas fases, mudando uma, duas, três, quatro, cinco vezes, e quantas mais fossem necessárias. Crônicas, resenhas de cosméticos (eu acreditava que blogar era = escrever sobre moda e cosméticos), viagens, fotografia, cotidiano, poesia, vida na França... Meu nicho foi mudando, bem como os nomes dos meus blogs e as plataformas utilizadas.
Durante um certo tempo, eu julgava esse meu processo, achando que eu não tinha personalidade, ou que eu não era capaz de me fixar a algo por muito tempo. Contudo, hoje eu enxergo o quão importante foram essas transições e todos os aprendizados que absorvi delas. Eu me permiti mudar, e ça c'est magnifique!
Eu blogo desde 2016, mas o blog my life as a work of art está completando seu primeiro aniversário agora em Novembro. Ele veio para ficar, pois eu (re)descobri algo que amo: compartilhar! Nesse blog, eu compartilho meu cotidiano e minhas descobertas de forma artística. Aqui, eu compartilho reflexões e sentimentos, assim como a Amandinha da infância fazia em caderninhos aleatórios. Esse blog é uma extensão mais floreada de mim.
Tem vezes que escrevo umas postagens que quase ninguém lê. Tem postagens que atingem 2 mil visualizações em 24h (o que é um bom número para um blog baby com quase zero marketing). Números à parte, o que me motiva a criar e blogar são os comentários que recebo no blog/insta/face de leitores agradecendo pelos posts, que de certa forma os inspiraram a fazer o mesmo, a fazer diferente, a iniciar algum projeto adormecido e empoeirado, a acreditar mais em si, a conhecer uma outra perspectiva, enfim, mensagens tão amorosas que quase posso sentir o carinho na pele.
Muito obrigada a todos que passam por aqui e tiram um tempinho para ler o que só mais uma blogueira aleatória tem a dizer. Um abraço apertado <3
Tá ai uma coisa que eu adoro. "Eu me permiti experimentar..." quantas coisas absurdas ou geniais saem quando a gente se permite né? Acho que é absolutamente normal TODA as mudanças e transições e necessárias tenho um blog pessoal á 7 anos... E ele é o resultado de várias mudanças na blogosfera.
ResponderExcluirParabéns pelo um ano desse blog, Amanda! Que ele continue sendo esse lugar para compartilhar suas criações. Estou aos poucos lendo os posts antigos e amando os escritos de Amanda hehe.
ResponderExcluirwww.umnovodestino.com.br